quarta-feira, 5 de junho de 2019


Era uma vez um burguês que gostava das coisas quadradas e bem ordenadas. Numa bela manhã destas de céu mais azul do que o azul do facebook postou uma imagem da escultura de Amílcar de Castro exposta no gramado do "Centro Cultural Amilcar de Castro". Ao que parece, queria mostrar para a população que ela está enferrujada, descuidada, como os bancos da estação. Caiu do cavalo. Um artista destes que Paraisópolis produz para relegar ao esquecimento, ao próprio caos, disse-lhe, com todo cuidado para não magoar aquela pobre alma, que um dos sentidos do trabalho escultório de Amilcar de Castro é justamente o de operar um retorno da obra à natureza, de abrir o gesto artístico ao gesto do tempo. Nascido em 6 de junho de 1920, em Paraisópolis, Amilcar de Castro e sua obra genial e mundialmente aclamada não tem nada a ver com a politicagem e com os jogos de poder que predominam em um certo Paraíso infernal e decadente. Aliás, quando tudo o mais for ruína as esculturas de Amilcar estarão de pé lembrando a efemeridade da burguesia, de suas construções, contas bancárias e, mais grave ainda, do homem, e da humanidade.

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