terça-feira, 6 de outubro de 2020

Hip-Hop no Paraíso

RAP (MC + DJ), Graffiti, Breaking são os chamados "elementos" da Cultura Hip-Hop. Música, artes plásticas, dança e conhecimento são partes de um mesmo todo.

O MC, mestre de cerimônias, rima com "Rhythm And Poetry", eis o RAP. Em Paraisópolis temos excelentes MC's como
Daniel Chimp
e
Cristaniel Silva
e uma novíssima geração, como
Mayron Alexssander
, que já desponta na cena.
Os dançarinos e as dançarinas de breaking, isto é, os b-boys e b-girls, constroem complexos movimentos a partir das bases quebradas do DJ (Disc Jockey). Em Paraisópolis temos a crew (coletivo, grupo)
ZR Breakers
que está completando uma década de existência de grande atividade no campo da arte, mas também da educação e da inclusão social de jovens da periferia.
Os escritores de graffiti retratam o imaginário urbano e social em cores vivas que nos lembram o surrealismo de Salvador Dalí, a pop_art de Warhol e evidentemente os trabalhos de Basquiat.
Além da evidente dimensão estética, a Cultura Hip_Hop possui uma importante dimensão educativa, pois promove a possibilidade de exercícios de pensamento, de linguagem, de poesia, de sociologia pois reflete a sociedade, seus problemas, mazelas e contradições, de antropologia quando pensa a situação do humano no mundo, de estética porque possibilita uma reflexão e partilha do sensível, de ética coletiva pois se organiza em grupos e coletivos colaborativos, de educação física pois trabalha corpo e mente integralmente.
Que os políticos, os empresários e a sociedade de Paraisópolis saibam reconhecer e apoiar esta expressão cultural criada por jovens negros da diáspora nos guetos norte_americanos há mais de 40 anos e que se espalhou desde então por todo globo, mudando a vida de muitas pessoas que, no caso do Brasil, encontram na atividade os meios para exercerem acima de tudo a cidadania e os direitos fundamentais anunciados pela Constituição Federal, que garante, entre outras coisas, liberdade de expressão, direito à cultura e ao lazer, à educação e ao trabalho.
Talvez alguns não saibam, mas muitos adeptos da Cultura conseguem encontrar um meio de vida, direta ou indiretamente, exercendo atividades ligadas ao Hip_Hop.
Desrespeitar a Cultura Hip_Hop é ignorar suas inúmeras potencialidades. Desrespeitar a Cultura Hip_Hop é ferir em seus direitos fundamentais o cidadão que ao manter viva uma cultura encontra um sentido para seu próprio existir. Logo desrespeitar a Cultura Hip-Hop é um atentado ao próprio sentido de Democracia em que todos e todas devem ser respeitados e reconhecidos como cidadãos de direitos e deveres, sem estigmas nem preconceitos.
Vida longa ao Movimento e à Cultura Hip_Hop e a cada um dos seus elementos que se amalgamam na busca do verdadeiro conhecimento.

Libertários