sexta-feira, 27 de maio de 2016

:: Encontrar o comum no múltiplo sem reduzir o múltiplo a um: um desafio para as atuais e futuras gerações de políticos em Paraisópolis :::


Volta e meia os políticos paraisopolenses utilizam a expressão "meu grupo político".

Esta expressão, na minha opinião, não é uma expressão política, mas antipolítica porque revela um obscuro desejo de dividir a cidade em grupos inimigos e estabelece à priori a impossibilidade do diálogo, do convívio, da escuta atenta e mesmo da constituição de espaços realmente públicos.

A macropolítica na cidade resume-se a dois ou três grupos que, antes de pensarem na cidade e em seus milhares de habitantes, pensam: a) em como alcançar o poder; b) como derrubar quem está poder;c) como manter o poder. Todo o pensamento político é alicerçado na lógica do poder.

Claro que certa tensão é sempre saudável, do contrário correríamos o risco de cair em um totalitarismo pior do que os tais grupos políticos já expressam. Porém, o que assistimos não é uma tensão entre propostas distintas, mas um desejo de separação total do tipo "vocês aí, nós aqui", chegando ao ponto das agressões psicológicas e até físicas.

A incapacidade de obter uma síntese colocou a cidade numa situação de antítese permanente. Um projeto ao visar sempre anular o outro anula no fim das contas a vitalidade política de toda cidade em sua complexidade e multiplicidade.

Encontrar convergências nas divergências será um desafio para as próximas gerações que optarem pela via da política institucional em Paraisópolis.

O primeiro passo para isso é tornar menos endurecido e mais permeável o conceito de "grupo político" que, no presente, ao instaurar uma distância intransponível entre os cidadãos, impossibilita também a construção de uma cidade para todos e para todas, de todos e de todas, apesar e com todas as diferenças e tensões.

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